Pessoas
Pessoas
Pessoas nas ruas
Por todos os lados
Fumaça de carro
Trânsito parado
Tanta opressão
Quanta confusão
Cheque sem fundo
Sem grana na mão
Sem nada na conta
Pra pagar a prestação
Vencendo meu crédito
Preciso de empréstimo
Tanto desempregado
Querendo serviço
Sendo boicotado
Por não ter bom currículo
Vendendo água gelada
Gritando mais alto
Cabeça preocupada
Nova lei do planalto
Se o mascate não pagar
Sua porcentagem
Vai ter que se virar
Que o governo faz chantagem
Mandam suas viaturas
Armadas nas ruas
Do centro da cidade
A mesma ditadura
Repetida por vaidade
A escravidão do passado
Ainda existe hoje em dia
O mesmo assalariado
Trabalhando pra chefia
A chefia e o patrão
Andam sempre lado a lado
Usando sua hipocrisia
E seu chicote estralado
Dão seu grito de guerra
Impondo com poder
Oferecendo merreca
Pra quem quiser vencer
Vencer a sobrevivência
Com baixo salário
Vivendo em decadência
Vestida de operário
Achando oferta e condição
Pra quem chegou do norte
Tem até vale refeição
E vale transporte
Com direito a sair
Do conforto do barraco
Pra poder competir
Por um lugar sentado
Mas se não conseguir
São duas horas pendurado
E se chegar atrasado
Não precisa preocupar
Que será descontado
Quando o fim do mês chegar
Para de se lamentar
Com sua vida tão medíocre
Sua sorte ou seu azar
De não cometer burrice
Viu semana passada
No noticiário
O que foi que aconteceu
Com aquele funcionário
Seu suicídio planejado
Com motivo esfarrapado
De não ter um bom salário
Com essa vida de operário
Até que não ganhava mal
Acho que era meio vaidoso
Morava no fundo do quintal
Da casa do seu sogro
Lutando por aumento
Pra um dia ter sua casa
Ou um apartamento
Pra morar com sua amada
Ao invés de conformar
Com que estavam oferecendo
Melhor que outro lugar
Tinha gente até crescendo
Subindo de cargo
Achando que era gente
Indo pro trampo até de carro
E sempre contente
Morando num sub-bairro
Da maior capital
Na periferia
Onde poucos se dão mal
Por não acatar as regras
Daquele local
Com palavras mal faladas
Ou mal interpretadas
E quando alguém percebia
Que era a pessoa errada
Já não se adiantaria
Fazer quase mais nada
Chora a mãe chora o pai
Chora até o assassino
De saber que o seu tiro
Tinha mesmo outro destino
Por isso que eu digo
Para de chorar
Esqueça essa besteira
E vamos trabalhar
Pois o barco do patrão
Já tá meio ultrapassado
Lá só entra tubarão
E homem renomado
Não adianta preocupar
Com a tal desigualdade
Pra que não venha sobrar
Pra nossa posteridade
Deixe que os ricos
Comam o bolo inteiro
Mas no dia do juízo
Diante do verdadeiro
Não terão desculpas
Pelo gasto demasiado
Do shampoo anti-pulgas
Pro cãozinho tão mimado
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